Bem sei que o Pinto dos Santos disse que era impossível perceber o que é ser estrangeiro e que, quando muito, conseguimos perceber o que é ser portugues. Talvez seja verdade, mas nada me impede de dissertar sobre o que é ser argentino.
Em 1º lugar há 2 tipos de pessoas na Argentina. O porteño (nome dado a quem vive a BsAs) e o resto. Por resto entende-se qu são as pessoas que vivem nas provincias (nome dado aos estados, há uns 24). E é assim que o porteño se sente: especial. O sotaque é diferente e há um certo esforço em demonstra-lo.
O Argentino é machista, tal como outros povos da América Latina. A mulher para ser levada a sério no mundo dos negócios (e é aquele mundo que conheço melhor) tem que ter um certo tacto para não ser considerada como um adereço. Não é difícil, apenas é necessário mostrar que se é mais do que um par de pernas em saltos altos.
Por outro lado, esta histório do machismo tem uma contrapartida algo interessante. O Argentino é o mais cavalheiro que já vi. Não há homem que não espere que a mulher entre no elevador, abra a porta do carro, carregue os sacos, sempre com um sorriso nos lábios. Comparado com o norte da europa parece anedótico.
Há 2 características no Argentino que são muito portuguesas. Tratam muitissimo bem os estrangeiros e queixam-se de tudo. Aliás o fado e o tango têm tudo a ver... O slogan "menos ais, menos ais, menos ais" faz todo o sentido cá.
É uma sociedade conservadora à primeira vista. Digo à primeira vista porque cá é normal que a quinta-feira seja o dia da amante, a sexta dos amigos, o sábado da mulher e o domingo da família. Não sei se por esta ordem exactamente. Ao Domingo come-se sempre assado (onde é que eu já vi isto?). Adultério é aceite com naturalidade, mas de ressalvar que continuo a falar do porteño...
Janta-se tarde, o normal é a partir das 10 da noite e por isso as saídas também se fazem tarde. Foi a unica cidade em que vi engraxadores às 2 da manhã a trabalhar (mas quem é que engraxa os sapatos de madrugada?!) e que numa unica rua hajam mais de 15 lojas abertas 24 horas (sim, estou a falar da minha rua). Se alguém não tem dinheiro, basta começar cantar no meio da rua com um copo vazio do McDonalds à frente para começar a fazer uns trocos e é sempre possível medir a tensão (sim, a tensão) ao ar livre. Há sempre uma ou duas enfermeiras aposentadas, com uma mesa de armar na rua a medir a tensão a quem passa. Há ainda os tipicos homens estátua e um pseudo-jogador de futebol a dar uns toques numa bola. Fantástico mesmo é ver exibiçoes de tango, imediatamente foma-se uma plateia de americanos de dólares em punho.
Diferentes ou iguais?
Besitos!