segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Futebol, compras e teatro

O meu primeiro fim de semana em Bs As.

Bem, sábado resolvi ir até Palermo já que é lá que há mais zonas verdes. Tomei o colectivo (autocarro) e lá fui. Dei umas voltas pelos parques, é normal ver pessoas em bikini como se estivessemos em Central Park, e acabei por ir até ao Jadim Zoológico. Gostei muito, está bem organizado e tem alguns animais fantásticos como o urso polar, tigre de bengala branco e o puma.
Ia morrendo de susto quando passou quase aos meus pés um animal que para mim nao passa de uma ratazana gigante. Consegui conter um grito mas acho que os meus batimentos cardiacos chegaram aos 250/min.

Lá perto ainda tinha o Jardim Japones e o Jardim Botânico mas resolvi deixar para outra oportunidade. De tarde vegetei na praça San Martín. Um conselho: se querem de facto descansar façam de conta que estao a dormir para evitar que toda a gente meta conversa. Se estao numas de socializar nao ha nada como ir até um jardim destes porque toda a gente fala com toda a gente.

Bs As tem imensos teatros. Dificil está em escolher. Resolvi ir ver uma peça de Bernard Shaw: La Profesión de La Señora Warren. É engraçado ver uma peça em Espanhol depois de a ter visto em Português. Gostei, o teatro estava cheio e as interpretaçoes foram boas.

Domingo, estava eu a comer uma media luna (croissant) num café com futebol a dar na televisao, quando foi golo. Ora bem, ou toda a gente era daquele clube ou entao os golos sao muito festejados por aqui. Quase que o café vinmha abaixo com os gritos. Imagino no estádio. Esse será um dos meus próximos programas.

Estou a melhorar o meu sotaque argentino embora hajam coisas que me passam ao lado. No subte (metro) ouvi um senhora para a outra algo que soou assim: Barra em cajaus? Passado meia hora compreendi: o que ela disse foi Baja (desce) em Callaus (nome da paragem seguinte). Estou a ver que quando chegar a Espanha ninguém me entende.

Compras... Só posso dizer que ganhar em euros, pagar em pesos e estar cá nos saldos de verao é uma espécie de sonho realizado para qualquer pesoa que adore compras. Os sapatos... Jurei a mim mesma que só faria compras quando tivesse casa para nao ter que aumentar o peso da mala, mas nao resisi. Sao todos tao lindos e dizem: Mónica, Mónica... Só comprei uns sapatos e um top. O preço já era barato em se fossem euros agora imaginem a dividir por 3.55, uma pechincha.

Bem, hoje continua a busca de apartamento. Algo me diz que é hoje que acabo com este frete.

Besitos!

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Terceiro Hotel

O que dizer deste dia… O novo hotel era muito mau, muito mau mesmo. Vou poupar pormenores, mas quem me conhece sabe que se eu digo que é mau é porque é mesmo. E nao é por estar mal habituada. Já mudei outra vez, este é ligeiramente melhor e espero amanha arranjar outro. Por este andar vou correr os hoteis todos de Buenos Aires. O problema é que TODOS estao cheios. Nao há hoteis livres.

Mas adiante. Continuo a procurar apartamentos, já vi de tudo e de todos os precos (sim, este é um teclado español que nao tem algunas teclas usadas por nós). Nao há-de ser difícil encontrar, tenho é que ter paciencia.

Já desacobri porque é que pinga tanta água nas ruas, nao é que estejam a lavar as varandas, é do ar condicionado. Dahhhh!

Ontem fui a um centro comercial pela primeira vez. Nada de especial a assinalar, sao iguais em todo lado do mundo.

Quanto ao meu trabalho aqui na câmara só posso dizer que tenho boas perspectivas, porque com a procura de hotel e de apartamento nao tenho feito grande coisa. Do meu chefe só posso dizer coisas boas, está super animado com a minha vinda, só espero corresponder às expectativas dele.

Ainda me estou a habituar ao clima. Ontem choveu como se nao houvesse amanha. Incrivel como é possível cair tanta água do céu. Outra coisa que tenho que me habituar é este meu complexo com empregados. Talvez por causa da minha educacao, tenho dificuldade em achar normal que a empregada aqui do escritorio me venha trazer chá, água, comida, como se eu nao tivesse maozinhas para levantar o rabo da cadeira e ir buscar. Uma questao de hábito talvez. Também nao me posso habituar assim tanto já que quando voltar a Portugal deixarei de ter estas mordomias. Segundo a teoria do meu chefe nao tenho problema com isso, porque ele acha que eu vou ficar cá para sempre…

A ver vamos.

Amanha vou continuar a minha busca por apartamentos e esperemos que seja bem sucedida.

Besitos!

terça-feira, fevereiro 21, 2006

E vai mais um dia...

Hoje fui conhecer o meu local de trabalho. Conheci o meu chefe, uma figura, completamente empreendedor como eu gosto. O meu gabinete é um espetáculo e os colegas são super simpáticos. Não podia ter sido melhor.

Arrendar apartamento não tem sido fácil. Toda a gente marca comigo as visitas para quinta ou sexta e, como só tenho reserva no hotel até quarta, tive que me mexer. No hotel avisaram logo que "no hay habitaciones disponibles hasta la proxima semana y BS As esta ful". Sim, é carnaval aqui também. Quando procurava uma ponte onde pudesse compartir com os mendigos lembrei-me da peruana que me tinha vendido o telemóvel, que também troca divisas, e que conhecia alguem de uma imobiliária que fazia preços de argentinos e não de estrangeiros. Passados 5 minutos já tinha um apartamento por metade do preço no centro e um hostal (a 6 euros!!! a noite) para ficar até o apartamento ficar livre. O hostal deve ser muito mau, mas a este preço não se pode pedir mais. Realmente quem tem amigos não morre na cadeia.

De realçar que as agencia argentinas cobram aos estrangeiros 5 a 15% do total das rendas. Imaginemos que arrendava um apartamento por 9 meses, a 500 euros. Ia pagar até 675 euros de comissão. Sim, isto tem ar de europa mas estou na américa latina.

Está um calor que não se aguenta mas acho que amanhã vai chover para bem dos nossos pecados.

Já pus os meus contactos a funcionar mas parece que já não há bilhetes para os concertos dos Stones e dos U2, mas como os Oasis e o Jamiroquai vêm cá não dá para ficar triste, né?

Amanhã troco de hotel e talvez não actualize o blog uns dias, sim porque a 6 euros a noite não vou ter net de certeza.

Besitos!

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O que dizer desta cidade...



Bem... Por onde começar...
A viagem, apesar de ser estupidamente longa, até nem foi assim tão má. Há pior que viajar na British.

Quando cheguei cá levei com aquele bafo quente típico de país sul-americano. É que está mesmo quente! Apanhei com uma vaga de calor mas já me habituei.

Chagada ao hotel, que não está nada mal (isto de ter amigos em agências de viagens tem muitas vantagens) deparei-me com uma cama onde cabem 4 pessoas. Não sei bem qual o uso que os argentinos lhe dão. :)

No primeiro dia só tive tempo para dar umas voltas nos sitios mais típicos, não sem antes ter um encontro inesperado. Lá estava eu num restaurante a ver os classificados de apartamentos, quando ouço um "dasss" na mesa ao lado. Olho e vejo um grupo de 4 portugueses de férias. Não há nada como viajar 27 horas para ouvir falar portugues. Fui descansar que o dia seguinte prometia ser cheio.

Na segunda-feira fui conhecer o delegado do ICEP. Muito simpático, muito prestável. Lá fui eu ao meu encontro com o Sr. Embaixador que também me pareceu muito simpático. Devem escolher as pessoas a dedo aqui para a Argentina.

Depois dos meus encontros protocolares fui tratar de coisas mais práticas tipo comprar telemóvel e arranjar apartamento. Ainda não arrendei mas não me parece que vá ser difícil.

O que dizer desta cidade... Para começar os argentinos parecem todos ter uma caracteristica comum: o mundo é todo deles. Convencidos mas simpatiquerrimos. Abro um mapa no meio da rua e imediatamente aparece alguém a oferecer ajuda. Fala-se da hospitalidade portuguesa mas estes não ficam mesmo atrás. Os homens têm todos qualquer coisa de Batistuta. Cabelo nada curto e invariavelmente com nuances. Tratam de si, tá visto. A comida é boa e até eu que dispenso a carne já me rendi. Não sei é se os meus dentes vão sobreviver a tanto churrasco.

Curiosidades: Cuecas diz-se bombachas (é sempre util saber) e gostava de saber a que tanto eles tiram fotocópias já que loja sim loja não tiram-se fotocópias. Além disso devem lavar as varandas montes de vezes ao dia, já que está sempre a pingar água nos passeios. E como não choveu...

No Domingo só vi turistas mas hoje... Esta cidade tem um andamento só visto. Este é o Obelisco um dos pontos de interesse da cidade e o Palácio dos Cogressos.

Uma das vantagens de falar com este sotaque da venezuela é que ninguém acha que sou estrangeira e pensam que tenho uns 25 aninhos. Podia ser pior... Os cremes dão resultado.

Amanhã vou conhecer o meu chefe, que já se mostrou ser um espetáculo. Sim que isto é chegar no Domingo e começar a trabalhar na terça. Não há dias de adaptação como certas pessoas que conheço. :)

Depois dou mais notícias que hoje foi um dia muito cheio.
Beijos!

PS: o meu n.º novo é +54491164406172. Tenho um telemóvel novinho, desbloqueado que custou 30 eurinhos.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Agora é que é a sério…

Amanhã vou embora… Estou mais que excitada, deve ser por isso que não houve uma migalha a conseguir parar no meu estômago. Também… começar o dia às 8 da manhã no médico, não admira que esteja mais para lá do que para cá.

Desde Novembro que sei que vou para Buenos Aires mas parece que foi há anos que decidi ir para lá. Parece que este dia nunca mais chegava e agora é mesmo a sério. Tive esta mesma sensação no Euro 2004. Durante anos ouvimos falar no Euro, nos problemas todos que quando começou até parecia mentira. Com a Casa da Música foi igual. Anos a ser construída e quando foi acabada parecia que tínhamos ouvido falar daquilo a nossa vida toda.

Amanhã vou começar uma nova etapa na minha vida, sei que vou ser bem sucedida porque a sorte (ou a fortuna) protege os audazes.

See you in Bs As!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

E continuam as despedidas…

Só ontem me apercebi das coisas que vou deixar de ter acesso nos próximos meses. Por exemplo, noticiários de 1 hora, só em Portugal! Vou ter que acompanhar a novela PT/Sonae à distância. Não é que perca grande coisa. Qualquer dia tenho que postar sobre esta OPA. Na minha perspectiva o Paulo andava deprimido porque a empresa dele é uma porcaria. Leia-se, é uma porcaria porque não dá lucros, já que obviamente é um espectáculo de empresa: boa imagem, boa comunicação,… Só tem um problema: não dá dinheiro e foi para isso que ela foi criada. Então, um dia ao acordar, pensou: “Mas eu sou rico, posso ter qualquer coisa!”. Pegou no telefone, ligou ao Belmiro e disse: “Pai, compra-me a TMN…”. Só pode ter sido por isso. O Belmiro já disse que não tem interesse nos negócios do Brasil, vai vender a rede fixa, só resta a TMN e a TVCabo. Ora, a TVCabo não tem interesse nenhum e a TMN é a galinha dos ovos de ouro. E assim que nasce uma OPA hostil.

Mas continuando, que esta divagação não interessa ao Menino Jesus… Uma das coisas que não vou ter acesso é a cinema falado em Inglês ou Português. A única forma de ver filmes na sua língua original é ver os falados em espanhol. Podia ser pior, o meu destino podia ter sido a China. Então para colmatar esta falta fui ao cinema. Como era a única pessoa no cinema que não tinha ido ver O Crime do Padre Amaro, lá fui eu. Chamam-lhe uma adaptação livre da obra de Eça de Queiroz. Eu chamar-lhe-ia uma adaptação escancarada. Não sou daquelas fundamentalistas que acham as obras dos mestres intocáveis, mas realmente não sei porque lhe chamaram adaptação. Na globalidade é um filmezinho engraçado de se ver, tem algumas participações interessantes como o Sam the Kid, Rui Unas, Ana Marques e outros não-actores conhecidos. Para quem ainda não viu, que não devem ser muitos, esperem pelo DVD e gastem o dinheiro do bilhete noutro que valha a pena ver no grande ecrã.

Só hoje me apercebi da quantidade de roupa que não vou usar durante um ano. Pode parecer um comentário um pouco fútil, mas quando comecei a seleccionar para ver quantas malas tenho que levar, achei um desperdício a quantidade de roupa inútil nos armários. Esta mania de acharmos que vamos ser mais felizes porque compramos tudo o que gostamos não podia estar mais errada.

As sugestões da Geovana estão a ser fantásticas. A ideia das gémeas parece-me muito interessante. Gostei também da sugestão de ela ser uma esteticista que cantava numa casa de fados em Lisboa e que foi para BA despeitada por o homem com que vivia amantizada ter casado com outra. Lindo!

Isto já vai um pouco longo e não disse nada de jeito. Assim, deixo-vos com um pensamento que para mim nunca fez tanto sentido como agora:

Não percas tempo com quem não está disponível para passar algum tempo contigo.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

27 horas de viagem…

É verdade que estou ansiosa por ir para a Argentina, quem não estaria… Mas o que é certo é que não estou nada ansiosa pela viagem em si. Senão vejamos.

Saio do Porto às 9h30m da manhã. Até aqui nada mal. Chego a Lisboa às 10h15m. Ok, já estou mais que habituada a ir a Lisboa, é a minha segunda casa. Saio de Lisboa às 13h55m e chego às 16h40m a Londres. Londres?! Mas então Buenos Aires não é para o outro lado? Bem, continuemos… Finalmente às 21h10m saio de Londres e vou para S. Paulo?! Mas isto então é algum autocarro ou é um avião?! Bem, vamos lá ter calma que ainda faltam 2h30m de viagem… já faltou mais. 9h40m chego finamente a Buenos Aires (horas locais como é óbvio, como diria o pessoal que trabalha em turismo…) Ou seja, em Portugal são 12h40m e eu saí do Porto às 9h30m do dia anterior.

Neste mundo de alta tecnologia não é possível colocar uma pessoa na América do sul no mesmo dia? Ou então umas 10 ou 15 horas depois?! Estes senhores da British Airways andam a brincar, a única vantagem é acumular milhas.

Parece que em Janeiro e Fevereiro toda a gente quer ir para a Argentina, é a melhor época para visitar a Patagónia e as vindimas estão agora a começar. Sim, as vindimas. Se as estações do ano são invertidas em relação às nossas, as vindimas também têm que ser no fim do verão.

Continuo a aguardar sugestões quanto à minha nova personalidade, a Geovana. Já foi sugerido que esteja a recuperar de uma grande traição, com uma história bem dramática ao estilo de telenovela venezuelana. Abandonada no altar não me parece má ideia.
Fico a aguardar as vossas ideias…

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Parece que já há uma data certa. Dia 18 vou voar. Parece que ainda falta muito tempo mas é para a semana; pouco tempo para me organizar. A selecção do que levar tem que ser criteriosa senão ainda levo a casa toda atrás de mim…

Essa sugestão de uma receita por dia até que não está nada mal. Só acho é que vou guardar isso para quando chegar lá. Afinal, já conhecem as minhas receitas, fruto dos meses em que era a dona da casa. Nunca pensei que organizar as refeições de uma casa, juntamente com as tarefas domésticas e um emprego a tempo inteiro fosse mais complicado que calcular o PIBpc de Portugal a preços constantes ou a correlação entre a taxa de inflação e o número de horas de sol anuais num país… Mas até dei conta do recado, apesar de nos primeiros dias passar por alguns percalços como temperar peixe às 8 da manhã antes de sair para trabalhar já que a minha ginástica mental não era suficiente para me lembrar que o tinha que fazer de véspera. Como tinha como companhia um inútil, que nem o seu próprio almoço era capaz de fazer, aprendi a ser uma verdadeira dona de casa.
Fica então prometido que vou arranjar umas receitas argentinas bem ao meu estilo, ou seja, práticas e bem fáceis de fazer. Até lá vão repetindo as que vos ensinei.

Já sei onde vou trabalhar. A Câmara de Comércio fica neste edifício fantástico no centro da foto. É na baixa de Buenos Aires, no mesmo prédio de um banco que pertence a uns portugueses. Também é perto da embaixada e assim não vou ter que andar muito até às festas…


Quanto à minha estadia em Buenos Aires resolvi que vou adoptar uma outra personalidade. Acho que a Mónica, economista, que trabalha em diplomacia económica é um perfil muito chato e tem pouco a ver com a sociedade machista que vou encontrar. Assim vou adoptar um alter-ego. Vou ser a Geovana, esteticista, já que mulheres que saibam mexer com as mãos são um men-magnet. Portanto quem me vai visitar é bom que se habitue a esta nova personagem, já que o disfarce é para manter até eu vir embora.
Aceito sugestões para a personalidade da Geovana.
Sejam imaginativos…

domingo, fevereiro 05, 2006

E a aventura começa aqui...

Já lá vão alguns anos desde a última vez que mostrei alguma coisa que tenha escrito. Com excepção dos exames, trabalhos da faculdade e os relatórios que fazia no meu antigo emprego, sempre tive a ideia de que mostrar aquilo que escrevia era tão ou mais revelador que andar nua na rua.

Mas as circunstâncias são outras e já que vou voar para o outro lado do oceano, escrever será a forma mais prática de comunicar com aqueles que querem ter notícias minhas.
Começando pelo início, como sempre deveria ser… O que me deu na cabeça quando interiormente disse para mim “Vou trabalhar para o estrangeiro”? Não sei se será de família ou de viver neste país de emigrantes. O que é certo é que, apesar de viver numa situação muito confortável, com o emprego que muitos colegas ambicionavam, estava quase a sufocar. Esta eterna insatisfação que me persegue faz-me mudar o rumo daquilo que parece mais lógico.

Quando dei a notícia aos que me eram mais próximos só ouvia comentários do género: “Parabéns. Desejo-te muita sorte. Que oportunidade fantástica.” E que outra frase poderia ter ouvido? Quem me conhece sabe que esta minha teimosia de carneiro não é compassível de grandes cedências. Será que era isto que queria ouvir? E se tivesse ouvido “Fica, não vás.” Teriam sido as coisas diferentes? Agora é tarde demais…

Começaram as despedidas. Hoje é um dia especialmente complicado. Estou a pensar mais no que vai ficar do que no que vou encontrar. Parece que não me consigo despedir da minha cidade. Não paro de tirar fotos e mesmo assim não são suficientes. Por muito que ande na minha bicicleta parece que nunca pedalarei o suficiente. “Estamos perto de estar tão longe” já diz o Abrunhosa e é assim que me sinto… Tenho pena de não conhecer melhor quem acabei de encontrar, tenho pena de não ter mais tempo de estar com aqueles de quem já tenho saudades. Mas se os verdadeiros amigos são como as estrelas, nem sempre os vemos mas estão sempre lá, posso estar a milhões de km que nunca estarei sozinha. O facto de não conhecer ninguém no raio de milhares de km também é aliciante.

Mas um novo desafio está à minha espera e não tenho qualquer dúvida que vou amar Buenos Aires. Além de ser uma cidade fantástica, tem uma sociedade tal e qual como estou a precisar. Nada de compromissos e relações sérias já que cada vez que abro o meu coração recebo mais uma facada. A sorte é que desta vez só abri uma frinchinha…

Este texto de abertura está muito down para o meu habitual optimismo, mas há dias mais difíceis. Estas despedidas dão cabo de mim e se não fosse tão importante para quem fica não fazia uma única.
E a aventura começa…